sexta-feira, 12 de junho de 2009

"Onde as nuvens pairam aos olhos dos poetas..."

(edição que minha esposa Nany me deu-14ªedição, editora Record)

Quando eu tinha treze anos, um dos meus melhores amigos, o professor Rodrigo Marques, me emprestou o primeiro livro que li inteiro na minha vida: "O Pequeno Príncipe". A incrível e emocionante fábula "para adultos" que surpreende e ensina o espírito (sobre ela um dia hei de falar melhor). Eu li com toda a empolgação do mundo aquela história tão amada por todos e que sempre despertara minha curiosidade. Quando devolvi o "Pequeno Principe" para o meu amigo, ele logo jogou em minha mão outro livro que, segundo ele, marcaria minha vida para sempre. Não gostei muito do título de cara e, como toda criança, eu julgava o livro muito pela capa (talvez dado à minha experiência já muito vasta no mundo dos quadrinhos), pois da capa não havia gostado muito também. Peguei o livro só pra não fazer desfeita e joguei na minha mesa de estudo onde ficou pegando poeria por alguns meses.

(versão que eu li aos treze anos-não me lembro a edição)

Um dia, não sei porque, peguei o livro e li o que havia escrito na parte de trás:


"As pessoas que fazem suas próprias regras quando sabem ter razão; as que sentem prazer especial em fazer as coisas bem feitas, mesmo que seja só para elas mesmas; as que sabem que a vida é muito mais do que os olhos podem ver...Todas estarão ao lado de Fernão Capelo Gaivota(...)".

Achei aquilo magnífico. Que tal de Fernão era aquele que buscava exatamente o que eu buscava, que era um lugar no mundo, uma vida mais rica de significado, uma voz prudente e sábia? Foi num feriado de semana Santa em que fiquei sozinho em casa que larguei um pouco os exemplares de Superman e Batman que comprara dias antes e comecei a ler. Mudou tudo mesmo.
Fernão Capelo Gaivota é o tipo de personagem que tem vida própria. Daqueles que nos transformam de uma forma dinâmica. Não pelas coisas que o autor diz, mas pelas experiências nas quais ele coloca o personagem. Às vezes a gente pensa que há certos tipos de beleza na vida que só a gente vê, e se sente incompreendido e só, pensando que deveriam haver mais pessoas como nós no mundo. É um sentimento meio egoísta e nos leva ser pessoas revoltadas com o mundo, o que é negativo. Mas, por outro lado, se agimos sabiamente como Fernão fez, sendo "o mais fiel a si mesmo" quanto possível e buscando cada vez mais conhecer a si mesmo ( Sócrates reverbera em toda a Literatura), podemos criar e viver o belo de uma forma mágica e universal. E descobrimos que, se não podemos tornar o mundo um lugar melhor, podemos pelo menos criar um mundo melhor pra nós mesmos e para os que estão ao redor. "Trabalhar para Amar", como disse o professor de Fernão na segunda parte do livro.
Hoje é dia dos namorados e minha namorada/esposa me surpreendeu com uma nova edição desse que foi um dos livros mais importantes que li. Não dá nem pra dizer o quanto fiquei feliz de encontrá-lo de novo e compartilhar com vocês os ensinamentos de Fernão, já que ultimamente tenho falado tanto em sala de como é importante fazer sua parte pra melhorar o mundo.
Para quem interessar, há um comentário ótimo sobre a história no wikipedia. Clique aqui e dê uma lida para conhecer mais do clássico. Se você tiver sorte, na locadora do seu bairro pode haver o filme, que não é tão emocionante quanto o livro, mas também é lindo sempre vale a pena conhecer mais.