terça-feira, 21 de abril de 2009

DOBRANDO O GALHO DA PALMEIRA COMO VIU MESTRE KANO

Acho que o nome do cara era Gigoro Kano. O homem que criou o judô. Vendo como se dobravam os galhos das árvores, imaginou que aqueles movimentos poderiam ser reproduzidos pelos membros do corpo para defender-se dos golpes dos oponentes. E assim pode ter surgido o caminho suave. Para fazer suave meu caminho, tenho que ser tão flexível quanto a natureza que inspirou as artes marciais. Eis aí o meu texto quase da mesma forma como o li na classe, até mesmo com os erros textuais, ortográficos, de coerência com a realidade...

VOCÊS É QUE ESTÃO PRESOS COMIGO...




QUEM VIGIA OS VIGILANTES
Por Edvaldo Ramos Leite


A frase que Alan Moore coloca como a pergunta chave de uma de suas obras primas aqui aparece como uma proposição. Uma sentença que você pode colocar como um apontar de dedos para o clássico culpado pelos males e conflitos do mundo. Desde a destruição das florestas tropicais até às sucessivas e, infelizmente, banais micro e macro guerras que tornam sacais os noticiários. Os assassinatos, a deterioração do intelecto jovem, as desertificações e o aquecimento global, a iminência de uma nova forma de pandemia.
Somos exatamente aqueles que deveriam estar na ativa, perguntando e questionando, forçando a justiça a ser feita, tornando a revolta uma arma, mas também um escudo, pois a revolta consciente, fruto de uma educação consolidada e arraigada em um espírito vivaz e aventureiro, é uma força tão intensa e transformadora quanto a força da água.
O termo “vigilante”, para as autoridades e para o direito penal de vários países, incluindo o nosso, designa cidadãos que tomam para si o dever de exercer e fazer valer a justiça prevista pela Lei vigente no Estado, obrigação do próprio Estado, incumbência exclusiva do mesmo. Em outras palavras, o vigilante é um vingador. Um citadino cansado de esperar que o lento malabarismo das autoridades em achar buracos na Lei cesse, impedindo que tais autoridades achem motivos para não trabalharem. No contexto das noções distorcidas da nossa sociedade, o vigilante é um bandido, passível de ser preso e condenado tal como supostamente o algoz vingado também o é. No nosso contexto, o vigilante é um herói. O único disposto a dar sua vida para fazer o trabalho sujo que ninguém quis fazer enquanto era limpo.
Hoje, tudo está fosco, turvo por uma nuvem de inverdades e maquinações “propagandescas“ manipuladas por não se sabe quem. Talvez o mundo esteja mesmo caindo em um aumento entrópico na busca de desacelerar, um grito final por ajuda, um pedido de socorro. Um mundo precisa de vigilantes, pois eles são as medidas extremas que surgem em situações extremas.Perceba, sempre que uma guerra está para surgir, o mundo passa por uma crise. A crise por territórios nas colônias da África antes da Primeira Guerra Mundial de 1914. A crise de 1929, com a queda da Bolsa de Wall Street pouco menos de uma década antes da Segunda Guerra Mundial. A Revolução Cubana e a caça às bruxas instaurando o medo, somando-se à terrível guerra psicológica taxada pela história de Guerra Fria que culminou em conflitos sangrentos como a Guerra do Vietnã, uma verdadeira luta de Davi contra Golias onde o Davi manteve a tradição da vitória, claro, a seu preço.
Diante dessa possível verdade, o que se pode esperar como fruto do que os jornais nomeiam de crise Econômica Mundial? Não há como saber. Imagino que você, meus queridos, não tenham muita idéia do que possa ter ocasionado a tal da crise, ou sequer entendam por que raios ela quebrou os dois joelhos da nação economicamente mais forte do mundo. Semana passada a Coréia do Norte descumpriu sanções da ONU e fizeram testes com mísseis de longo alcance que tiraram fino no Japão e disseram o que todo mundo sabe ser mentira: “foi o lançamento de um satélite”. Não há satélite algum na órbita prevista na exosfera e nenhum sinal de satélite novo captado pela tecnologia de telecomunicações. Não se pode afirmar nada a respeito do futuro. O futuro não existe. E, como dizem, o passado já não existe mais. O mundo certamente caminha para o caos e o caos tende a aumentar. Só há como tentar ter o poder de controle sobre algo no mundo, na nossa vida se soubermos onde estamos, por que estamos aqui e se nosso contexto realmente precisa de nós. Não há como arrumar uma casa que está no escuro. Precisamos acender as luzes. E a luz do mundo é o pensamento, a virtude, a vontade de excelência, mãe da civilização, a ânsia por fazer bem feito mesmo a tarefa mais simples, mais singela e, aparentemente mais inútil.
Penso que essa excelência que os antigos gregos chamavam de Areté foi substituída por uma preguiça enorme de pensar. Pois quem pensa toma posse do próprio destino. E que tem o controle de si mesmo sabe para onde está indo e reconhece a mentira e a manipulação, luta contra a injustiça, sabe falar, sabe argumentar e facilmente vence guerras e conflitos sem desferir sequer um soco, quem dirá um tiro. Quem sabe pensar não precisa de exércitos, territórios, estratégias bélicas nem armas nucleares. Não é a toa que a censura é o primeiro recurso de uma ditadura. Calar as vozes inteligentes é o caminho mais fácil para o domínio.
A pergunta que lhes faço, tentando não fugir do nosso assunto depois de tantos aparentes rodeios é: “Quem são os vigilantes?”. Há como evitar o mal que possivelmente se aproxima? Eu posso fazer algo para evitá-lo?
O beija-flor, mais uma vez, contraria o leão e importuna as mentes acomodadas e , ao invés de despertar o interesse pela situação do mundo, na busca de torná-lo menos injusto, afugenta-as e separa ainda mais o joio do trigo. Não sei se isso é bom ou ruim, mas preciso tentar.
Só peço, meus amigos, meus queridos, que pensem. Mesmo que ao final de suas reflexões, a escolha seja a de não se importar com o caminho das coisas, com os rumos do mundo. Pensem e busquem pensar mais ainda no sentido de você estar aqui, mesmo que ao final de suas reflexões a conclusão seja a de que não há sentido algum. Porém, entenda que , se não há sentido em estar aqui, é perfeitamente verossímil o poder que você tem de construir um sentido. Pense sempre que, já que você está aqui mesmo, não custa nada tentar ser o melhor. Assuma sua vida e o seu papel. Pois você que o mundo está chamando. Você é o vigilante. Dê um passo a frente e tome posse da sua vida antes que o sistema, os cinzas ou seja lá quem for que esteja por trás de toda a bagunça tome. Construa sua mente, seu pensamento. Construa uma idéia, um objetivo e inclua o mundo ao seu redor nesta idéia. Busque torná-la real e se surpreenderá positivamente com o pouco dela que de fato se concretizar. Vai ver que pode muito mais. Construa seu próprio ser, leia, saiba o que está acontecendo ao seu redor e acredite no efeito borboleta, que uma ação mínima pode resultar numa seqüência de eventos imprevisíveis capazes de transformar tudo. Se não der certo, pelo menos você vai saber que a escolha foi sua e de mais ninguém. E acredite, as pessoas ao redor se lembrarão do herói, não do vigilante.