quinta-feira, 3 de julho de 2014

TESTEMUNHAS DO MAGNÍFICO

Art by Jim Daly?


Noite passada, quis algo bom para reger meu sono. Não lembro o que sonhei. Mas confio na precisão dos meus desejos, porque na manhã de hoje tive coisas para fazer: nenhuma a ver com trabalho. Eu deveria estar triste, mas mentir assim não funciona.
Nesse estado eu saio e assumo as tarefas.
Pequenos eventos que só acontecem na mente de alguém lisergicamente feliz, eles pipocam de lado a lado da cidade. Como gnomos espreitando nas esquinas, passando correndo nas pontas dos pés, caçoando dos “despreocupamentos“.
Autoridades afirmam que isso não é felicidade. Mas há controvérsias.
Dinheiro alimenta máquinas. Também alimenta aquelas máculas fosforescentes que as religiões chamam de pecado. Faz isso silenciosamente por dentro, escandalosamente por fora. Minha saúde e a dos meus, o livro em minhas mãos, as ideias na mente, respirar normal e ver tardes incríveis podem ser um pequeno momento e para vivê-lo não adianta dinheiro. Pois é disso que tenho fome, não sou máquina. E ninguém jamais precisará competir comigo.
Hoje quero uma tigela de cochichos sobre uma nova história sendo escrita. Uma fatia de alguém ouvindo R.E.M. no ônibus. Três copos de crianças inventando letras poéticas enquanto soltam pipa na rua e de sobremesa uma belíssima e finamente adornada taça de risadas com meu melhor amigo, seja lá quem ele for hoje.
Neste mundo a esperança é uma gordice. Uma deliciosa infração. Somente satisfeitos, com as mãos lotadas de delito, é que enxergamos cúmplices. E os grandes feitores da Civilização não passam de tolas, ansiosas e famintas testemunhas do magnífico.