segunda-feira, 29 de abril de 2013

QUANDO AS GALÁXIAS COLIDEM...?

Janitor Pansophus, in Musaeum Hermeticum, Francoforte, 1749

 Cada coisa que a gente faz e deixa de fazer é uma linha que segue numa direção desconhecida. Algumas dessas linhas são completamente ignoráveis. Mas algumas seguem acontecendo em algum lugar de nossas mentes. E elas não morrem, ficam lá, vivas como um filme incrível passando em outro canal. Mas você não pode simplesmente mudar de canal. O filme que você está vendo neste momento é o filme que você escolheu.
E aqueles eventos, filhos do “e se...?” vão crescendo e nunca nos abandonam. Vão se expandindo. Verdadeiras galáxias do possível. Sementes de sonhos e de histórias. De escolhas e abandonos.
Um amor que não foi em frente. A profissão que você não seguiu. O perdão que você não pediu. Mundos e mais mundos. Em um deles você é mais rico que o Silvio Santos. Em outro você é um monge budista. Em outro você já está morto. Descobriu a cura da AIDS...tornou-se a pessoa mais velha do mundo...escreveu o romance do século...está preso por assassinato...viveu feliz para sempre...
Sempre fico aterrorizado ao perceber que alguns gestos muito simples, alguns distraídos, outros aplicados deliberadamente, podem criar um pequeno Buraco de Minhoca, aquela dobra no espaço-tempo que pode nos fazer enxergar e até modificar o que está acontecendo agora mesmo naquela realidade escondida no ocaso do esquecimento. E me pergunto o que acontece quando galáxias colidem.
Isso está nos livros. No olhar de um velho mendigo em pose mística que sorri para o nada. Nos movimentos robóticos das mãos de um bebê. Nos desenhos das nuvens de fuligem que mancham o futuro.
A gente fecha os olhos e vê a singular dança dos astros e pode ser na juventude ou no crepúsculo da vida. Sempre chega aquele momento em que você enxerga todos os universos girando harmônicos na vastidão do grande escuro. Um só momento em que nos é concedido ver tudo com os olhos de Deus. É só um momento. Uma fração de segundos.
Deus ex momentum, com quais galáxias você brinca quando sonha?


segunda-feira, 22 de abril de 2013

ENGRENAGENS

Metropolis, Fritz Lang

O trabalho dignifica o homem.
Eis um aforismo dos mais verdadeiros. Antes de ter um trabalho de verdade eu encarava essa máxima como o lema de homens fortes, com grossas botas e luvas carregando sacos para dentro e para fora de navios num porto, ou daqueles que operam com precisão braços gigantes balançando vigas de metal nas construções. Homens que erguem cidades com a força dos músculos e voltam para casa com sua missão cumprida.
Para eles a vida é difícil, mas a sensação de estarem impressos nas armações sobre as quais os donos do controle esquematizam o destino da Civilização já é grande recompensa. Eles chegam em casa cansados e com fome. Irão se refestelar com uma montanha de comida em seus pratos e descansar.  Era uma imagem “romantizada” do que significava trabalho para mim.
Mais tarde, a alucinada histeria de Chaplin apertando porcas na ânsia de vencer a máquina manchou esse romantismo.
Acabei adquirindo pelo menos o mínimo de pensamento crítico a ponto de questionar tudo o que compõe a realidade ao meu redor. Embora meu apuro nesse sentido sofra muito com minha tendência particular a dar o fora dessa realidade por períodos inconstantes, permaneço no mundo objetivo tempo o bastante para precisar seguir algumas... regras...que ele impõe.
Trabalhar é uma delas. Para ganhadores do Big Brother, loterias, heranças trilhardárias e para o tio do Chris (aquele que come o angu com queijo do Julius), essa regrinha não entra na cartilha. Para o resto de nós ela vem logo depois da Lei da Gravidade.
Minha relação com o trabalho acabou me fazendo separar os diversos tipos de emprego em duas categorias: os trabalhos de verdade e os trabalhos legais. Como força física nunca foi um dos meus atributos pessoais, fui forçado pela minha condição a aceitar que quando chegasse a hora precisaria encontrar um trabalho de legal. Mas parte do meu mundo tinha como referência de pensamento uma figura paterna machista e reacionária que deixaria Kafka com as calças sujas, e isso me fez sentir um pouco diminuído. “Trabalho de verdade é pra homem”, dizia o subtexto de seu discurso, “você é homem ou não?!”
Juro que se foi uma afronta, ela foi fruto total do subconsciente, mas para a raiva do sujeito acima citado, acabei me formando em Enfermagem. Ha ha ha.
O trabalho legal é aquele em que o tempo passa e você não percebe que está trabalhando. Ele é parte de você como seus braços e pernas. A minha ideia é a de que todo mundo que tem um trabalho de verdade, dentro de si tem um trabalho legal com o qual sempre sonhou.  Eu tenho o meu. Não vou dizer qual é, mas ele inclui poder levantar do meu lugarzinho e brincar uns cinco minutinhos com minha filha, ou dar um beijo em minha esposa sempre que tiver vontade.
Outra coisa que penso é que todo emprego considerado trabalho de verdade para alguém é o considerado trabalho legal por outra pessoa. Se for assim, o que faz uma pessoa ficar por anos fazendo algo que não gosta, ou que não é o que sempre quis? Por que essa pessoa não foi na direção que levava ao seu objetivo principal? Cada um tem a sua resposta. Só posso dar a minha: é porque ninguém prepara a gente para se descobrir. Somos “educados” em grande parte para obedecer sem questionar, seguir caminhos instituídos, aparentemente mais seguros, garantia de sucesso. Até o momento em que um Chaplin entra em nossa vida, muita coisa já está definida. Muitas vezes é difícil ou tarde demais (será?) para voltar atrás.
Graças a Deus, o meu trabalho legal é algo que eu posso fazer de madrugada, de manhã antes do trabalho de verdade e no meio do trabalho quando meus chefes não estão (como agora e em um post anterior, por exemplo), embora nem sempre eu possa ver minhas mulheres.
Mas se eu tivesse moral para dar conselhos, daria apenas um. Essa é a mensagem que eu quero deixar para a posteridade e espalhá-la para o máximo de pessoas possível: NÃO TOME ATALHOS. Isso mesmo. Descubra o seu caminho e vá direto para ele. Faça o que for necessário, mas nunca dê um passo que lhe ponha distante de seu objetivo. Não importa o que digam. Vão dizer que você não vai conseguir, que é difícil, que não vai dar dinheiro. Ignore isso. Continue.
No final das contas, não importa se seu trabalho legal é se ver numa construção, numa neurocirurgia ou escrevendo um romance. De muitas formas diferentes, o suor deve escorrer pela testa do mesmo jeito. Se não for assim não vale a pena.
E tem que ter seu coração ali.


segunda-feira, 15 de abril de 2013

O ENIGMA DA RAINHA

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“Meninos se descobrem enquanto o inverno derrete.
Florem competindo com o Sol.
Anos passam e eu continuo aqui esperando.
Murchando onde algum homem-das-neves estava.”

(WINTER- Tori Amos no álbum Little Earthquaques)

Biscoito recheado de chocolate branco. O Pequeno Príncipe. Jardineira jeans. Colégio Militar. Matemática. Folhas envelhecidas com óleo. Ataques de asma à noite (mãe e filha acordadas e o menino na rua se perguntando “Será que ela está bem?”). Diários. Caneta com cheiro de pipoca. Caneta com tinta prateada. Amiga Leila. Uma mecha de cabelos guardada a sete chaves (alguns perfumes não morrem). Anéis de humor. Braceletes. Lágrimas no ombro do menino. Cartas coloridas.
U2. Caminhos desconhecidos. Casa longe. Amigos desconhecidos. Sorriso igualzinho. Desejos desconhecidos. Facebook. Intenções desconhecidas. Retorno aos velhos cadernos. Verdades desconhecidas. Tarde demais pra fazer as coisas direito. Destino desconhecido. Uma nova voz através de sonhos e prazeres apenas imaginados. Amores desconhecidos.
Passado e presente. A vida é um delicado castelo de cartas. Mexa em uma bruscamente e vai tudo pelos ares. O que chega a suas mãos são mensagens de um não-lugar. Uma pequena vingança para saborear lentamente. Como toda vingança, envenena as mãos de quem a realiza. Mas esta não foi feita para machucar. Sim para dizer que o coração endureceu. Mas só um pouco. O bastante para ferir-se com lembranças e tornar-se mais forte com novos espinhos.
Os homens reagem com coragem ao vento que sopra sobre os castelos. Os homens resistem à vontade de possuir a Rainha. Homem, menino. As coisas já mudaram e a coragem do homem é dizer com toda força o contrário do que se quer porque é assim que tem que ser. E descobrir que isso foi o melhor a se fazer. Porque toda escolha tem um sentido se foi você quem as fez.
Castelo intacto. Sigamos em frente. Uma das cartas é a Rainha. Sem ela o que aconteceu não teria acontecido. Sem ela o castelo iria abaixo da mesma forma. Sem ela o que deve acontecer não iria acontecer. Sem ela o menino não se tornaria o Rei que será. E nem sequer acreditaria nisso.
Enigmas. Ainda amo caminhos tortuosos. Sou mestre em tecer labirintos. Eis o novo. As paredes são segredos e o chão é uma verdade. Ainda quero o que está aqui impresso. Meninos chamam meninas com palavras vesgas e os homens enxergam com medo e reagem com coragem.
Destinos desconhecidos. O destino é sempre um enigma. 

segunda-feira, 8 de abril de 2013

OS HERÓIS INFILTRADOS E A BRIGADA DA IMAGINAÇÃO

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[no trabalho às 16:20. Aproveitando que estamos sem  internet e telefone.]

Às vezes acho que as pessoas têm medo de escrever.
Quando eu era professor, sempre que podia, elaborava trabalhos em que os alunos pudessem dizer por meio da escrita aquilo que pensavam sobre as coisas que viam em sala. E sempre fui muito receptivo à tudo o que eles faziam. Tudo o que não fosse mera repetição de algo que eu disse ou de textos e lições já vistas. Valorizava tudo o que escreviam, mesmo que dissessem que aquele assunto era mesmo um saco.
Chegou um ponto em que eu parei de fazer esses trabalhos, porque eles simplesmente detestavam ter de tirar algo da própria cabeça. E olha que quando comecei a dar aulas eu respondia com um enorme comentário para cada aluno a todas as questões do tipo “escreva um pequeno texto com seu ponto de vista sobre...”. Dava um trabalhão danado.
É uma pena mesmo, porque dizer o que eu pensava das coisas que eu era obrigado a “aprender” na escola foi uma chance que eu nunca me deram. Talvez tivessem medo da resposta. Ha-ha. E eles tinham motivo. Nas atitudes eu fui um aluno bem tímido, mas se eu precisava escrever a coisa fedia. Qualquer dia eu conto o que fiz num trabalho de matemática do 3º ano.
Infelizmente, poucas das pessoas mais extraordinárias que conheço escrevem. Mas esse medo, se é que se pode afirmar que seja mesmo medo, não se restringe apenas ao ato de escrever. Criar algo, inventar, brincar com as ideias, não sei por que [ops! Minha chefe chegou. “Esperainda”/ Ela saiu, continuando...], mas tudo isso paralisa as pessoas. Fica fora de suas vidas. Elas só consomem arte (e aqui estou exercitando a minha exigência mínima do que venha a ser considerado expressão artística). E consomem como fast food.
[Droga ela voltou de novo!/ A partir desse ponto, o texto foi escrito em casa no Word, como de costume.]
Esse obstáculo é o resultado de não sermos preparados para transformar a realidade em que vivemos, apenas para aceita-la e colaborar para que seja sempre a mesma. Há uma ideia de que criar é algo sublime, um dom estupendo reservado a seres humanos iluminados que nascem na proporção de um para cada vinte milhões. Mas é importante notar que os artistas também sentem medo e insegurança. No fim, todo mundo faz a mesma força quando vai ao banheiro, como diz o povo.
Uma pessoa que abstrai, que é capaz de sair de vez em quando desta realidade e passa bons e necessários períodos em outra, geralmente criada por ela mesma, nunca aprecia uma manifestação artística sem um propósito além do puro e simples entretenimento. Por mais bacana que seja o filme, por mais empolgante que seja a música, por mais incrível que tenha sido aquele anime, aquela série e, tá vai, aquele capítulo da novela, nunca é só diversão. Ela tem que tirar algo dali. Tem que levar aquilo pro seu mundo e isso o vai ajudando a construir algo próprio.
Gente assim entra no meu conceito de “herói infiltrado”, um termo que eu aprendi com uma mulher chamada Fernanda Meireles e que tem me ajudado a reconhecer esses seres humanos maravilhosos por aí. Para mim, um herói infiltrado é aquele que de certo modo obedece às convenções gerais da Sociedade. Mas que está acordado enquanto a maioria dorme, fazendo moverem-se as engrenagens do pensamento. Ele está escrevendo, tocando, decorando textos, mexendo com suas tintas e telas, sem saber por que faz, fazendo porque aquilo é parte de si. De dia se faz passar por um qualquer, mas se recusa a deixar que o dom repouse apenas nas mãos dos escolhidos. Ele está arquitetando uma pequena revolução. E isso muda muito as coisas no mundo.
Se você é um herói infiltrado, se sua mente não para quando todos dizem que deveria, por favor, continue. Se você é assim, possivelmente trabalha no silêncio o tempo todo enquanto sua arte grita. Por enquanto, é assim que deve ser. Caso encontre outro herói infiltrado por aí, não faça alarde. Apenas o faça entender que um dia o mundo precisará da matéria da qual você e ela (e) se alimentam. O mundo precisa de heróis que salvam vidas, como os bombeiros, a polícia, os médicos e enfermeiros. Mas precisa de heróis da imaginação tanto quanto.
Heróis infiltrados de todo o mundo: UNI-VOS!
A prova do crime...(mas não foi em fevereiro. foi em 05/04/13.rs)



segunda-feira, 1 de abril de 2013

OS TEMPOS ESTÃO MUDANDO...


 Lembro os anos sessenta quando eu ouvia Buddy Holly desde a hora de acordar até o almoço.
Depois de comer, punha uma camiseta, meus óculos de armação grossa e caminhava um pouco debaixo do sol quente até a banca do Alfredo para trocar figurinhas de alienígenas . Comprava alguns exemplares antigos de gibis do Superman e voltava pra casa. Me trancava no quarto, colocava um pouco de Elvis na vitrola e ia escrever histórias de ficção científica para passar o tempo.
À medida que a tarde passava, saia Elvis, entravam Troggs, Beattles, Kinks, Animals. E eu amava Bob Dillan apesar de ser só um cara com um violão e uma voz anasalada, na época muito estranho pra caras como eu. Mas o fato dele falar coisas que eu realmente achava importante me dava a impressão de que pelo menos uma pessoa nesse mundo tava realmente afim de simplificar as coisas pra mim, ao invés do contrário.

De tarde eu tomava um banho, vestia uma calça de brim, uma camisa branca por dentro, meu cinto de fivela dourada, sapatos bem engraxados, colocava meu chapéu preto meio que de lado e ia à praça conversar com outros cavalheiros que, como eu, não viam problema nenhum em tomar uma cervejinha, conversar sobre rock´n´roll, filme de terror e atrizes gostosas como Brigitte Bardot.
À noite, sempre tinha festa na casa de alguém. Havia uma loira de nome Glória. Nunca chegamos a ficar juntos, mas sei que ela tinha uma queda por mim, pois sempre estávamos a trocar olhares e ela sempre sorriu pra mim. A possibilidade de dançarmos era o que tornava aquelas noites mágicas. Um dia, consegui chamá-la para uma dança. Ela era daquelas menininhas de beleza inocente que sempre está acompanhada de suas amigas, com seu risinho tímido e meigo, de voz suave e um perfume natural e inebriante que me deixava sonhando por semanas. Eu era um garoto meio desbocado que as mães das meninas detestavam e com quem as proibiam de falar, mas com quem elas não conseguiam deixar de falar. Daqueles que causam problemas de verdade e acham muito divertido ver o circo pegar fogo.
Tudo isso fazia daquele um tempo muito bom. Me lembro de como sempre achava que estava vivendo na época certa, apesar de toda a porcaria pela qual o mundo estava passando. Uma guerra falsa que era uma ameaça verdadeira, os preconceitos e a repressão. De certa forma, até aquela tensão toda era boa. Era bom ser jovem e esperto o bastante para saber e ter consciência de tudo e mesmo assim não ligar pra nada a não ser música, cinema, mulher e confusão.
Eu amei minha juventude.
Só que há um problema: nada disso aconteceu. Eu não sou esse cara. Nem sei de onde ele saiu. Faz tempo que ele mora em mim, acho que ainda era garoto quando ele surgiu. Tenho uma saudade imensa desse tempo, a ponto de chorar algumas vezes, vendo as fotos de todas as pessoas com quem eu andava, lendo cartas delas, falando com uma ou outra ao telefone sobre aquelas aventuras...mas nada disso existiu.
Sinto-me velho como esse cara seria hoje, mas eu não sou ele. Como posso explicar isso? Não há outro jeito senão imaginando que esse rapaz é um eu diferente de uma realidade paralela qualquer, gritando através da sangria cósmica que existem coisas legais para serem vividas, que eu não sou tão velho quanto o mundo e as circunstâncias me fazem acreditar que sou e que eu devia jogar algumas coisas para o alto antes de ser engolido por todo o tempo que não vivi.
Quando paro pra pensar nos acontecimentos do mundo vejo que nossa época é bem parecida com aquela. Uma juventude desatenta e inconsequente, uma ameaça nuclear assombrando os jornais e a esperança invisível de que do nada alguém muito especial apareça para mudar as coisas. Não sei o quão triste me sinto por quase não me lembrar de nada do meu próprio passado e sentir tanta falta da vida desse meu eu alternativo. Acredito que na história jamais houve um tempo em que não se estivesse em crise. A luta pela sobrevivência nos domina, ofusca nossa percepção e liquidifica nossas aspirações e sonhos, tudo é sempre uma névoa de preocupação e o esforço é imenso por construir um amanhã que não deixa de ser incerto. Quanto mais se pensa, menos se entende como a humanidade caminha.
Mas as coisas estão mudando. Os tempos estão sempre mudando. O que não muda é o fato de que jamais saberemos no que tudo vai dar, por mais que queiramos ter o controle de tudo. E acho que os momentos do passado que nossos “eus alternativos” mais sentem saudades, nesses tempos obscuros de solidão e loucura, são daquelas noites lindas em que o espírito ficava leve ao som de músicas de amor e se podia muito bem flertar com a Glória. Sem culpa alguma, sem qualquer pudor.


OBS.: post publicado originalmente em 13/10/09