sexta-feira, 10 de novembro de 2017

VIU? EU ME MEXI...



Informação demais. Coisas demais pra pensar. Muito barulho.

Há de se decidir pra onde ir à noite, depois do trabalho, depois dos relâmpagos à luz do dia
das vozes chamando em tom de ordem velada.

Há de se classificar os sonhos e encaixá-los no tempo que dá.

Melhorar a postura ao sentar, ter cuidado pra não adoecer, dar voltas pra desviar de sanduíches.

O coração está acelerado. O nó na garganta, as mãos tensas e suadas buscam se encaixar e fazer os movimentos necessários. É o século rasgando o túnel das veias e atinge o coração com força. Não é mais uivo, é grito.

Queens of The Stone Age briga com a Banda Mais Bonita da Cidade. Eles se digladiam na arena em que Hulk trucidou Thor. Muitos se achegam na contenda. E eu não posso fazer nada além de ouvir e assistir. Pelas boas e péssimas razões, todos eles precisam de meu ingresso.

Eu aplaudo com as mãos tensas e suadas.

Eu filmo, gravo, edito, monto, depois de ter roteirizado tudo. A parede em que meu filme se projeta tá tão longe que os atores estão todos borrados. Olha eu borrado na tela...peraí. Sou eu mesmo?

Sinto um pouco de falta da vida desregrada, sabe. Do som retumbando no peito, da maconha, do sexo louco, selvagem e grupie que eu via acontecer. Não passa mais em TV nenhuma isso aí.

Meus anos se amontoam. Monte de decisões que não fazem muito sentido. Eu sou filho do século que me possui e me leva na batida de um coraçãozinho puta de ansioso com informações que brotam de não sei onde.


O tempo da minha vida eterna sussurra que essa mesma vida só é eterna até um segundo antes do trem do século partí-la em antes e depois. E eu me toco de que preciso me mexer de alguma forma: dou ponto final, rasgo o papel e jogo no lixo. Viu? Eu me mexi.