quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Das Florestas Para Outras Dimensões: entendendo uma pulp


As pulp magazines são publicações populares que alcançaram seu auge nas décadas de 20, 30 e 40 nos EUA. Em tais revistas eram publicadas histórias de conteúdo facilmente assimilável à massa trabalhadora americana, constituída de pessoas de baixa formação educacional e de pequeno poder aquisitivo, não acostumada a ler “a grande Literatura” em tempos preocupantes como os que se seguiram desde a Depressão até a segunda Guerra.

As pulp magazines chegaram a ser um dos entretenimentos coletivos mais popular de sua época ao lado do cinema. As histórias, sempre escritas em linguagem simples abordavam desde esportes e histórias médicas até western, aventuras na África e batalhas aéreas, sempre seguindo fórmulas previsíveis por vezes se assemelhando ao formato utilizado atualmente no Brasil em suas telenovelas. No entanto, as pulp fictions (como passaram a se chamar tais publicações na década de 30) tornaram-se mais famosas ainda com o advento das revistas específicas com contos de ficção científica, mistério, suspense e terror. Os títulos mais importantes dessa vertente das pulps era revistas como Weird Tales, Wonder Stories e Amazing Stories, esta última criada por Hugo Gernsback, também conhecido por ser o criador do termo Sci-fi (science fiction).
Em sua época, as pulps eram consideradas material literário de baixa qualidade e até hoje o termo pulp fiction é utilizado para designar histórias um tanto absurdas e de gosto duvidoso como as que eram lidas por um enorme número de homens, mulheres e adolescentes da primeira metade do século passado.Porém. a palavra pulp evidenciava o trato que era dado a esse tipo de entretenimento. Os textos eram impressos em papel feito de polpa de árvores, mais conhecido como papel jornal, mais barato e perecível. Os escritores responsáveis, não raro, utilizavam pseudônimos para livrar sua identidade caso quisessem um dia se tornar escritores “sérios”. Um caso interessante acontecia com Martho Neptura, pseudônimo inicialmente utilizado pelos primeiros autores do título para escrever as histórias da heroína científica Promethea.





Este mesmo pseudônimo foi utilizado por n outros que vieram a assumir as aventuras da heroína, ressuscitada desde 1999 pelas mãos místicas do mago Alam Moore nas festejadas HQ´s de seu selo American´s Best Comics.
As revistas pulp, diferentes das HQ´s eram baseadas fundamentalmente nos textos. Porém, as capas incríveis de algumas delas acabaram por fazer deste artifício um ótimo chamativo para o que poderia haver no conteúdo, fazendo com que vários ilustradores posteriormente consagrados tivessem seu inicio associado às pulps. Curiosamente, alguns dos grandes escritores do “cânone literário” lograram êxito após sua passagem pelas revistas de polpa de madeira. Todo o espaço que não era preenchido pelas histórias era dedicado a anúncios de toda uma gama de artigos diferentes, recurso que mantinha as publicações.
O que antes era apenas um passatempo para milhares de americanos sofredores, gente comum buscando um certo escapismo de sua dura realidade, hoje exerce um enorme fascínio em todos que se interessam por cultura pop. As pulp fictions deixaram uma marca indelével em tudo o que foi feito nas HQ´s , no cinema e nos seriados de tv. Alguns dos fatores que causaram o declínio das pulps foram a invenção e popularização da tv, a falta de recursos financeiros em decorrência da segunda guerra e a ascensão das histórias em quadrinhos a exemplo da era de ouro inaugurada com o lançamento da lendária Action Comics #01, que marcou a história da cultura pop ao trazer ao mundo as primeiras aventuras do Superman.






Os heróis, os comandantes de naves espaciais, os ataques alienígenas, as histórias de fantasmas, monstros e aberrações de natureza criptozoológicas são exploradas até hoje em diversas mídias. HQ´s como a incrível Planetary de Warren Ellis saúdam vários dos personagens que figuravam nas pulp fictions como Doc Savage, Tarzan e Spider. No Brasil, apenas um público reduzidíssimo tem acesso a materiais pulp que vêm sendo produzido no underground do underground por fãs de sci-fi, terror gore e fantasia, logicamente, com recursos ainda menores e uma tiragem que nem de longe se compara com a que era disponibilizada ao público em seu auge.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

E-ZINE: ode a gregor samsa...


De Homem a barata. Estribuchei, esperneei, mas não deu para fugir. Terei de tornar o DPZ um e-zine. Nada contra e-zines, muito pelo contrário. Pretendo até colocar muito em breve uma lista de e-zines muito competentes que leio muito, tanto de terror como quadrinhos. É um infeliz destino para uma idéia que poderia dar certo. Mas não estou tão triste assim porque tenho consciência de que só não é possível continuar como zine fixo por causa das intensas atividades mantidas pelo dono deste blog, empolgado congregador das matérias e das histórias que comporiam o DPZ de papel. Até mesmo patrocínio tínhamos.


Sem problema. Sei que terei um longo caminho sozinho, a exemplo dos meus heróis preferidos da net. Poderão ser anos e anos de trabalho silencioso até que ALGUÉM me encontre. uma longa evolução possivelmente começa neste momento. Assim, se você me lê agora, é porque pode ter recebido um e-mail meu com os textos do primeiro número. Essa é a maneira mais urgente que encontrei de permanecer em atividade. Com vocês, para a despedida do papel e deste post, mais uma homenagem aquele que foi grande e é grande.




domingo, 4 de janeiro de 2009

"...está a passagem para um mundo estranho..."

O DPZ(DELÍRIO PULPZINE) PODE SER ADQUIRIDO DIRETAMENTE DE MIM, O VÓRTICE, ATRAVÉS DE PEDIDOS FEITOS AQUI NO BLOG POR MEIO DOS COMMENTS OU ATRAVÉS DE E-MAILS, OU MESMO DIRETAMENTE EM ALGUNS EVENTOS RELACIONADOS A FANZINES PREVIAMENTE ANUNCIADOS AQUI. ELE CUSTA R$ 0,50 E COMO FANZINES ANTERIORES, OS PEDIDOS FEITOS POR E-MAIL SÃO PRONTAMENTE RESPONDIDOS E AS INSTRUÇÕES DE AQUISIÇÃO SÃO DADAS.
PORÉM, COMO EU JÁ FIZ COM ALGUNS FANZINES ANTERIORES, ELE PODE SER ENCONTRADO ESTRATEGICAMENTE ESCONDIDO EM ALGUNS LOCAIS DA CIDADE, TAMBÉM PREVIAMENTE ANUNCIADOS. É CLARO QUE SÃO LUGARES ONDE APENAS UM FANZINE PODE SER DEIXADO, PORTANTO, QUEM ESTIVER INTERESSADO PRECISA SER RÁPIDO.
É TUDO MUITO RÁPIDO E FÁCIL COMO MUITA COISA TEM QUE SER.
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TRANSMISSÃO ATUAL: FINALIZADA.

"...em uma cidade estranha..."


Este é o DELÍRIO PULPZINE # 1. A capa é o tenebroso vampiro Radu, da série de filmes dos anos 90 chamada "Subpécies". Também estão no zine uma apresentação singela do que foram as pulp magazines, as divertidas e inusitadas publicações das primeiras décadas do século passado que divertiam e alimentavam a imaginação de jovens e operários desempregados ou sub-empregados, vitimas da crise...econômica...mundi...bem, continuando, nele está também uma matéria bem pequena sobre a incrível série da Wildstorm, Planetary, escrita por Warren Ellis e desenhada magistralmente por Jonh Cassaday e arte-filnalizado por Laura Depuy. Tanto o roteiro como a arte da série são estupendos. Recentemente, foi lançado lá fora o número 27, ou seja, o último. Se você gosta de quadrinhos, mas se perde com a complicada cronologia dos comics clássicos como Superman e Homem-aranha, séries como Planetary são a melhor opção, já que cada número trás uma história completa, porém, sutilmente ligada às anteriores. o mestre Ellis possui outras criações no estilo como Global Frequency que está saindo periódicamente pela excelente Pixel Magazine. Eis aqui um link muito massa para o blog de um cara chamado Nano Souza. É apaixonante.
E, por último, trazemos também a primeira e polêmica história CONSPIRAT, que trata da busca de um jornalista por seus amigos de uma ONG que, ao colher material para um documentário, acabaram descobrindo irregularidades nas construções do METROFOR e ele próprio se vê no meio de uma conspiração envolvendo estranhas criaturas em algumas estações, que mesmo no nosso (absurdo...?) futuro fictício, ainda não estão nem perto de ficar prontas.
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Pois, é. Alguns tiveram crises convulsivas de entusiasmo, outros de raiva. Isso é ótimo sinal, quer dizer que conseguimos causar reações diversas com um conteúdo, digamos, diferente. Quer dizer, como eu comentei no primeiro post, é mais fácil imaginar os eventos de Conspirat acontecendo em Nova York ou Londres, mas pessoas ficam revoltadas com histórias acontecendo aqui mesmo em Fortaleza, em locais pelos quais elas passam o tempo todo! É necessário que mais histórias desse tipo possam surgir, e não só histórias de terror e sci-fi como propõe o DPZ, mas todo tipo de outras histórias, de poesia a quadrinhos. Quem sabe, depois de fazermos com que essas coisas escritas fiquem populares e baratas e mais acessíveis (inclusive em termos de conteúdo), possamos perceber que um novo tipo de literatura popular cearense surgiu. Durante muito tempo, e até hoje, os fanzines "tentam " algo assim. Mas como eu mesmo já critiquei, acho que pouco se consegue devido ao teor extremamente intimista dos textos! O meu PARANÓIA talvez seja um dos piores exemplos desse tipo de fanzine. Mas, qualé!? " Abelhas são mais atraídas por néctar do que por vinagre". Ou: Kafka e Virginia Woolf são magníficos, mas um pouco de Stephen King não faz mal a ninguém. Acho que é perfeitamente possível que um mercado troncho de "objetos literários não-identificados" possa acontecer muito em breve se mais pessoas como meu blog-amigo D. Carlos tornarem tudo mais fácil para os potenciais leitores da cidade. Se você observar bem, pode perceber que as pessoas, mesmo que acidentalmente, gostam de ler e se envolvem com certos tipos de leitura. Principalmente quando não percebem que estão se enriquecendo um pouco com ela. No salão do barbeiro que frequento há mais de treze anos vejo alguns homens, que não sentiriam afeição nenhuma por Nelson Rodrigues, comentando casos esdrúxulos lidos nos jornais deixados ali. Seção policial. Vida COMO ELA É! Simples. Direto. Impressionável. Isso é comunicação.
Existe ainda muita repulsa do "povão" em geral em pôr as mãos em algo muito..."culto". Essas duas expressões, na minha opinião, carregam em si a mesma carga de deboche. Acho que é perfeitamente possível que um grupo de pessoas possa, propositallmente ou não, transformar o "povão" em um GRANDE POVO. E é com leitura que isso acontece. As pessoas da cidade precisam ser cutucadas de alguma forma. Mas eles não podem saber disso. Em algum momento, sozinho no seu quarto, aquele cara que vive na calçada falando de swingueira, maconha e festa com seus amigos tem de sentir uma vontade de escrever porque ele sabe que pode dizer algo! E que é fácil fazer isso. Ele precisa se comunicar, e vai buscar aprender a fazer isso e vai querer ler coisas um pouquinho mais complicadas do que o caderno de esportes do jornal. Quem sabe algo no caderno de cultura o interesse. O caminho é muito, muito simples.
Estou delirando...?