domingo, 4 de janeiro de 2009

"...em uma cidade estranha..."


Este é o DELÍRIO PULPZINE # 1. A capa é o tenebroso vampiro Radu, da série de filmes dos anos 90 chamada "Subpécies". Também estão no zine uma apresentação singela do que foram as pulp magazines, as divertidas e inusitadas publicações das primeiras décadas do século passado que divertiam e alimentavam a imaginação de jovens e operários desempregados ou sub-empregados, vitimas da crise...econômica...mundi...bem, continuando, nele está também uma matéria bem pequena sobre a incrível série da Wildstorm, Planetary, escrita por Warren Ellis e desenhada magistralmente por Jonh Cassaday e arte-filnalizado por Laura Depuy. Tanto o roteiro como a arte da série são estupendos. Recentemente, foi lançado lá fora o número 27, ou seja, o último. Se você gosta de quadrinhos, mas se perde com a complicada cronologia dos comics clássicos como Superman e Homem-aranha, séries como Planetary são a melhor opção, já que cada número trás uma história completa, porém, sutilmente ligada às anteriores. o mestre Ellis possui outras criações no estilo como Global Frequency que está saindo periódicamente pela excelente Pixel Magazine. Eis aqui um link muito massa para o blog de um cara chamado Nano Souza. É apaixonante.
E, por último, trazemos também a primeira e polêmica história CONSPIRAT, que trata da busca de um jornalista por seus amigos de uma ONG que, ao colher material para um documentário, acabaram descobrindo irregularidades nas construções do METROFOR e ele próprio se vê no meio de uma conspiração envolvendo estranhas criaturas em algumas estações, que mesmo no nosso (absurdo...?) futuro fictício, ainda não estão nem perto de ficar prontas.
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Pois, é. Alguns tiveram crises convulsivas de entusiasmo, outros de raiva. Isso é ótimo sinal, quer dizer que conseguimos causar reações diversas com um conteúdo, digamos, diferente. Quer dizer, como eu comentei no primeiro post, é mais fácil imaginar os eventos de Conspirat acontecendo em Nova York ou Londres, mas pessoas ficam revoltadas com histórias acontecendo aqui mesmo em Fortaleza, em locais pelos quais elas passam o tempo todo! É necessário que mais histórias desse tipo possam surgir, e não só histórias de terror e sci-fi como propõe o DPZ, mas todo tipo de outras histórias, de poesia a quadrinhos. Quem sabe, depois de fazermos com que essas coisas escritas fiquem populares e baratas e mais acessíveis (inclusive em termos de conteúdo), possamos perceber que um novo tipo de literatura popular cearense surgiu. Durante muito tempo, e até hoje, os fanzines "tentam " algo assim. Mas como eu mesmo já critiquei, acho que pouco se consegue devido ao teor extremamente intimista dos textos! O meu PARANÓIA talvez seja um dos piores exemplos desse tipo de fanzine. Mas, qualé!? " Abelhas são mais atraídas por néctar do que por vinagre". Ou: Kafka e Virginia Woolf são magníficos, mas um pouco de Stephen King não faz mal a ninguém. Acho que é perfeitamente possível que um mercado troncho de "objetos literários não-identificados" possa acontecer muito em breve se mais pessoas como meu blog-amigo D. Carlos tornarem tudo mais fácil para os potenciais leitores da cidade. Se você observar bem, pode perceber que as pessoas, mesmo que acidentalmente, gostam de ler e se envolvem com certos tipos de leitura. Principalmente quando não percebem que estão se enriquecendo um pouco com ela. No salão do barbeiro que frequento há mais de treze anos vejo alguns homens, que não sentiriam afeição nenhuma por Nelson Rodrigues, comentando casos esdrúxulos lidos nos jornais deixados ali. Seção policial. Vida COMO ELA É! Simples. Direto. Impressionável. Isso é comunicação.
Existe ainda muita repulsa do "povão" em geral em pôr as mãos em algo muito..."culto". Essas duas expressões, na minha opinião, carregam em si a mesma carga de deboche. Acho que é perfeitamente possível que um grupo de pessoas possa, propositallmente ou não, transformar o "povão" em um GRANDE POVO. E é com leitura que isso acontece. As pessoas da cidade precisam ser cutucadas de alguma forma. Mas eles não podem saber disso. Em algum momento, sozinho no seu quarto, aquele cara que vive na calçada falando de swingueira, maconha e festa com seus amigos tem de sentir uma vontade de escrever porque ele sabe que pode dizer algo! E que é fácil fazer isso. Ele precisa se comunicar, e vai buscar aprender a fazer isso e vai querer ler coisas um pouquinho mais complicadas do que o caderno de esportes do jornal. Quem sabe algo no caderno de cultura o interesse. O caminho é muito, muito simples.
Estou delirando...?

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