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Art by Teresa Wegrzyn |
O
coração é um jardim. Rústico e caótico. Floresta colorida com declínios e
ondulações entre as miríades de cores que apontam aqui e ali. Se imaginarmos
cada flor como uma pessoa de nossa vida talvez possamos entender como as coisas
funcionam naquele espaço.
Sim,
sou o único jardineiro do meu jardim. Certas regiões estão abandonadas, as
ervas daninhas que partem de lá, volta e meia ameaçam a harmonia predominante. Se
crescerem poderão destruir minhas flores mais bonitas. Mas elas não valem o
trabalho de mata-las. O mal avança sorrateiramente, mas o bem pode ser tão
astuto quanto.
Tudo
depende de como você cultiva. Porque não há como escolher as flores que nascem.
O
jardim do coração muda o tempo todo. Pequenas margaridas, tímidas e inseguras,
podem transformar-se em pomposas magnólias, ao passo que magníficas orquídeas
mudam-se facilmente em humildes boninas ao amanhecer.
Lágrima
de orvalho, sorrisos de borboletas. Está tudo lá quando alguém incrível mora
naquele pedacinho de coração que você tanto cuidou. Nem sempre é o pedaço que
cresce, mas... não há um canto do jardim que jardineiro ama mais?
Mas
o que mais gosto nesse meu patético anacronismo idílico é saber que não importa
o quanto eu esteja mal nem a intensidade do temporal que despenca além dos
portões do meu jardim. Dentro dele as flores são perenes. Dentro dele é sempre
primavera.
“Por favor, não ponham um marcapasso
no espaço do meu coração (...)
Ponham num daqueles potinhos
Com água e açúcar
Em que o beija-flor vem beber.”
A Banda Mais
Bonita da Cidade, Potinhos
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