segunda-feira, 22 de julho de 2013

OS CORAÇÕES VOLÁTEIS

Art by Benjamin Carbonne


Está tudo no devido lugar, até o reflexo do sol nas folhas molhadas das plantas dos vizinhos. E cada passo que damos é o de um guerreiro indestrutível. Pode até haver sangue, mas no final haverá você e mais alguém.
E ela é a pessoa mais importante do mundo. Naquele dia.
As coisas mudam o tempo todo. Um dia eu tive um grande amigo. Um dia você teve um grande amor. A criança um dia coube na palma da mão.
Um velhinho contempla os degraus e se vê há cinquenta anos atrás saltando-os habilmente. O garoto forte e faceiro daquela época o olha de volta lá de cima, sorri e diz: “Esse tempo se foi, meu velho”.
Todas as coisas estiveram juntas num mesmo objeto. Uma enorme bola de energia e matéria no meio do nada que explodiu e jogou nossos pedaços espaço afora. Quem poderia saber se as moléculas que hoje me formam estariam ou não próximas daqueles que amo?
Nossos corações são inconstantes e medem a felicidade construindo calendários com os dias lindos. Esses dias se repetem continuamente como um vídeo em loop. Porque nunca é para sempre. E é assim que fica. O grande segredo reside em estar bem com revisitar o filme e deixar que outros os sucedam.

As pessoas são como aqueles rios do filósofo. Nunca as encontramos do mesmo jeito. As águas são outras, as ondas não têm a mesma forma. Mas os dias que os corações voláteis coletam não acontecem sem elas. 

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